"Dói-me no coração / uma dor que me envergonha" (Fernando Pessoa), envergonha, mas dá para aguentar. Afinal, Manifestos é antes de tudo resistência. Resistência que é a razão entre a tensão e corrente: No circuito das publicações Manifestos esquenta e enrubesce, porque ao material se opor à corrente caracteriza seu tenso trabalho de levar algo do ponto A para o ponto B sem que ninguém o saiba, e sem conseguir nada com isso: ser manifesto não implica em ser lido. Se o espírito de Manifestos é resistência, se a manifestação é a tensão, então este convite é a corrente, o fluxo dessas partículas de carga negativa. Publicar uma tese é fácil, Manifestos convida a ler a publicação que é uma antítese e não receia a aceitação de seu chamado, porque um livro digital custa a mesma coisa independente do número de páginas ou de cópias. Manifestos convida o leitor porque não tem poder para convocar e nem dinheiro para contratá-lo, então envia o convite cheio de vergonha e constrangimento para baixar Manifestos diante da vergonha! O que encontrará? Aquilo que é da autoria de seus colaboradores, o que e como não se sabe, e, possivelmente, nem se saberá porque talvez ninguém o leia, quiçá os organizadores. Em lugar de um "Manifesto de vergonha", como se diz no Nordeste, caprichado, cuidadoso, comprometido; Manifestos deixa de ser radical para ser exponencial, antes a vergonha que era só vergonha de publicar (timidez) para agora se consolidar também em vergonha por publicar (desonra). Desonrados e tímidos: Manifestos é a diferença de potencial a conclamar pelo sentido real.